quinta-feira, 2 de junho de 2011


Óleo de cozinha pode virar biocombustível.

           Que destino você dá ao óleo que usa para fritar alimentos? Se você coleta cada mililitro numa garrafinha PET e doa a pontos de coleta, parabéns! Mas saiba que esse hábito passa longe da maioria dos quase um milhão de domicílios da Região Metropolitana de Fortaleza.

           São 52 milhões de litros de óleo de cozinha despejados de qualquer jeito no meio ambiente, todos os anos, segundo pesquisa da Universidade Federal do Ceará (UFC). Do total, 46% entope os esgotos, 39% se mistura a todo tipo de lixo, 8% é descartado a céu aberto mesmo e só 7% é doado à reciclagem.


            De acordo com a UFC, podem ser gerados 4,7 milhões de litros de óleo por mês na RMF, 65% destes só no município de Fortaleza. Se vendido, o óleo tratado produzido poderia movimentar até R$ 9 milhões por ano.

           Diante dos números do desperdício, a Petrobras e a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) estão fechando parceria para coletar todo o óleo usado nas residências, restaurantes, padarias e hotéis; para refinar e  depois vender para a Usina de Biodiesel instalada em Quixadá, desde 2008, com capacidade de produzir 108,6 milhões de litros por ano.

Projeto
           Segundo o diretor comercial da Cagece, Antônio Alves Filho, o projeto ainda está sendo elaborado e deve ser colocado em prática no segundo semestre, mas a ideia basicamente é instalar reservatórios de óleo usado em condomínios e em pontos diversos da cidade. “Para isso, a ideia é fazer uma campanha de sensibilização por meio de panfletos, televisão, rádio, internet”, afirma o diretor da Cagece. 

Convênios
           A logística da coleta dos reservatórios será feita em convênio com a Rede de Catadores de Resíduos Sólidos Recicláveis do Estado do Ceará. De acordo com a Petrobras, estão previstas ações para qualificar a coleta desse óleo “e aproveitá-lo como fonte de matéria-prima para biodiesel, gerando postos de trabalho e agregando valor e renda a uma atividade já realizada pelos catadores”. 

           Um projeto piloto já está em andamento com sete cooperativas de catadores. “Fizemos treinamento e capacitação deles”, afirma a consultora do Projeto de Beneficiamento e Reciclagem do Óleo de Cozinha, Neide Cavalcante. São 140 pessoas envolvidas no processo, da coleta ao beneficiamento.

           A usina de beneficiamento de óleo, instalada perto do Aeroporto Internacional Pinto Martins, será inaugurada em junho. Viabilizada pela Petrobras, a usina custou R$ 150 mil e terá capacidade de beneficiar 25 mil litros de óleo por mês. “O mais caro é convencer as pessoas a fazerem a doação”, lamenta a consultora. Neide lembra que além do benefício ambiental, o refino do óleo também ajudará várias famílias de catadores.

           O litro de óleo refinado será vendido por R$ 1 à Usina de Quixadá, sendo que o catador tem só R$ 0,30 de cada litro de óleo coletado por ele. Ou seja, para tirar pelo menos R$ 300, cada catador terá que coletar mil litros de óleo. “Vai ser difícil, sem uma conscientização geral. Há quatro meses estamos tentado firmar parcerias com redes de restaurantes, supermercados, mas eles não se sensibilizam. A luta será grande”, lamenta. 



(www.opovo.com.br )

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